domingo, 22 de maio de 2016

Sobre os atuais acontecimentos no Brasil - Iniciativa Revolução Universal



Recebemos do grupo Iniciativa Revolução Universal esta interessantíssima análise da situação atual e decidimos publicá-la aqui:

Sobre os atuais acontecimentos no Brasil:

CONTRA A POLARIZAÇÃO ELEITORAL-MIDIÁTICA, CONTRA TODAS AS FACÇÕES DO CAPITALISMO: INTRANSIGENTE LUTA SOCIAL!!!

Como é de conhecimento geral no Brasil e no resto do mundo, desde o mês de março a classe trabalhadora vem sendo bombardeada por uma considerável histeria política. A pressão ideológica atual encurrala e derrota a classe
trabalhadora de lado a lado. De uma parte, o governo socialdemocrata do PT, inimigo eterno dos trabalhadores e do socialismo, que militariza favelas, agride o funcionalismo estatal, encheu prisões de manifestantes em 2013-14, decretou lei antiterrorista contra a contestação social e só nos primeiros meses de 2016 tem na sua conta os assassinatos de 50 trabalhadores rurais/indígenas. É o governo que esmagou a maior revolta operária desde 1978-79, a luta dos trabalhadores nas usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, onde eram escravizados pela OAS/Odebrecht/Camargo Correia, não por acaso, financiadoras do PT e envolvidas nos espantosos escândalos de hoje. É o governo que entre 2003-2005 aprovou ataques aos aposentados e que tamanha sangria causou, com o necessário acompanhamento em corrupção e roubalheira para haver Copa e Olimpíadas. É o partido que passou 20 anos na “oposição” furando greves, entregando revolucionários para a polícia e acertando acordos com empresários, governadores e prefeitos, ou seja, disciplinando, sujeitando, manipulando e oprimindo a classe trabalhadora já na “oposição”, o que foi condição para chegar ao poder.

Da outra parte, os velhos grupos políticos tradicionais, identificados com a “direita” eleitoral e militante, que não esconde suas simpatias pelo fascismo, por ditaduras militares, e nem oculta suas pretensões sanguinárias de uma ordem construída em cima da extorsão, da miséria de milhões de trabalhadores. Sempre alinhada com o PT, inclusive apoiando todas as suas políticas repressivas, governou junto com ele dentro e fora da oposição. “Oposição” bastante confortável nos últimos anos, que aderiu à maioria dos projetos de Lula/Dilma contra a classe trabalhadora (terceirizações, PAC, Copa, Olimpíadas, venda de lotes na Amazônia, militarização, código florestal, etc.); beneficiada com as isenções biliardárias de impostos promovidas pelo PT. Até mesmo os partidos desde o início mais agressivos contra o Lula/Dilma votavam em favor deles todas essas medidas no Congresso, e nos governos estaduais eram apoiados pela participação e/ou cumplicidade do PT nas ações de terror – despejos, massacres policiais, toque de recolher. A maior parte dessa direita, que hoje se passa por “inimiga jurada” do PT era sua aliada até dias atrás. Com o desgaste do PT, sentido na classe trabalhadora pela intensidade da crise iniciada em 2008, que agora chega ao seu nível máximo, com parte dela excluída do poder federal, onde não podia ter acesso direto ao produto do roubo, essa direita que foi o apoio do PT por anos, agora se volta contra ele.

Esse desacerto administrativo entre as duas quadrilhas capitalistas, que nunca tiveram qualquer divergência de programa, de objetivos, menos ainda sobre o modelo de sociedade que defendem; essa competição eleitoral desde o fim de 2014 tem ameaçado gravemente a classe trabalhadora.  É necessário destacar de modo inegável, claro para todos que essa manobra de manipulação, que marca a transição de uma gerência do Estado para outra, que toda essa pressão ideológica é fruto da derrota dos trabalhadores na guerra social que ocorreu em 2013-2014. Pela sua própria finalidade e ações desenvolvidas, a dualidade PT/direita promoveu, sobretudo na ação combinada contra a revolta de 2013, o apaziguamento da classe trabalhadora e o empoderamento da direita. A política de apaziguamento foi violentamente conduzida por aparatos que infiltraram as lutas sociais e destruíram-nas (MPL em 2013, MTST antes da Copa), tudo isso acompanhado do terrorismo de estado (PT e governadores matando e prendendo manifestantes) e da abertura das manifestações à direita patriótico-fascista, desculpa perfeita para a defesa do governo Dilma contra o “perigo de direita” e oportunidade perfeita para uma força regressista de “oposição” absorver e aliciar todos os descontentes. Diferentes de forças inimigas entre si que lutam até a eliminação da rival, trata-se de uma disputa regrada e dentro da ordem burguesa. Os dois grupos se sustentam e vigiam a ordem social, agindo em conjunto para impedir o surgimento de uma verdadeira alternativa – que só pode ser revolucionária -, chegando a apelar de tal modo no cumprimento dessa missão, para uma aparente guerra cotidiana. 

Todo esse panorama coincide com as manobras do imperialismo internacional: o capital europeu (França, Alemanha e Rússia, integrante dos BRICS) que se sente ameaçado por uma guinada à direita advoga o governo Dilma. O capital inglês e norte-americano apoia abertamente as ações da direita brasileira, chegando a financiar organizações reacionárias que estão assumindo a chefia dos protestos e que por isso mesmo, recusam mostrar publicamente as fontes dos seus recursos (George Soros e Irmãos Koch fazem doações milionárias a grupos como MBL – Movimento Brasil Livre - , Revoltados Online, MCC, Estudantes pela Liberdade, Atlas, entre outros). Também a marca de classes sociais disputando o momento está óbvia: a burguesia estatal (daí as denúncias de corrupção priorizarem diretores das estatais), associada a alguns grupos empresariais nacionais estão por trás do PT (que tem sua infantaria nos sindicalizados e em setores da classe trabalhadora assistidos pelo estado), enquanto os latifundiários (burguesia agrária), a Federação dos Industriais (burguesia industrial)e a burguesia comercial (AMBEV, redes lojistas) estão com a direita/extrema-direita. Esses recrutam como tropa de choque a pequena burguesia (profissionais liberais, pequenos comerciantes, altos e médios funcionários de carreira do Estado, empresários falidos), socialmente retrógrada e historicamente sem futuro, para ser a cara pública dos protestos. Essa pequena burguesia tem arrastado atrás de si com apoio da mídia, os setores mais atrasados da classe trabalhadora, que realmente querem transformação e se rebelaram contra o PT. Mas pela incapacidade de se organizarem e inclusive de exercer autonomia contra as ideologias e organizações da direita/extrema-direita, viraram presa fácil da direita militante. Além de servirem como “garotos propaganda” desses grupos que agora podem contar com a desculpa de terem “trabalhadores” em suas fileiras.

O capital bancário-financeiro, que tem a palavra final, que num piscar de olhos faz e derruba qualquer presidente, passou o mês de março oscilando e vacilando sobre quem apoiar. E não poderia ser de outra forma, já que sempre foram bem recompensados por Lula e Dilma, chegando a anos seguidos de lucros estratosféricos (os maiores do mundo), com a política de juros do governo. Com a suspeita de que o vice-presidente Michel Temer possa incluir um representante da Federação dos Bancos em seu governo, ou o testa de ferro de George Soros no Brasil, Armínio Fraga (chefe do Banco Central no governo FHC), o processo contra Dilma se acelerou em menos de 3 dias, o que já indica que finalmente se definiram por um dos lados. A saída do PT de possível passou a inevitável.

Percebida a desmobilização dos trabalhadores com a derrota das lutas de 2013-2014, a burguesia impôs a falsa escolha entre duas lealdades políticas que além de alienar os trabalhadores, que perderam o protagonismo das ruas, semeiam a divisão entre eles. Primeiro alienados quando torcem por juízes e promotores, representantes maiores da repressão estatal e do judiciário venal, ou ao aceitarem o papel de heróis dado a apresentadores sensacionalistas de TV e a velhos corruptos/mercenários da política. E depois, ao se inclinarem bovinamente pela saída de Dilma “contra a corrupção” ou por sua permanência, “contra o fascismo”. Foi quando a mídia – acompanhada pela “esquerda” do capital - inventou a lenda da “polarização social” entre os defensores da corrupção e os do fascismo, como se essa fosse uma luta de classes. Batendo 24 horas na tecla da disputa petismo/antipetismo, a burguesia quer que todos esqueçam a verdadeira polarização: TRABALHADORES CONTRA PATRÕES, COMUNISMO/ANARQUIA CONTRA O ESTADO/CAPITALISMO e aceitem a concorrência teatral entre os irmãos capitalistas direita/PT. O clima de campanha eleitoral permanente impôs a ditadura do pensamento único, com a proibição de se pensar ou agir fora da dualidade direita-PT,o que em todos os níveis favorece o controle social.

A divisão entre os trabalhadores e ESSE É O ASPECTO MAIS GRAVE, corre por conta da politização da vida privada: conforme a preferência de alguém, real ou atribuída, a favor ou contra o governo, relações pessoais são destruídas, parentes e vizinhos não se falam mais, uma tempestade de ódio e denúncias se propaga nos meios virtuais e nos locais de trabalho e estudo. Linchamentos e ataques físicos também estão ocorrendo.É um ambiente de tipo venezuelano, onde se impõe cada vez mais no cotidiano a falsa escolha entre ser elitista de direita ou populista pró-governo, com conspiracionismo e paranoia de ambas as partes. A polícia do pensamento e o patrulhamento ideológico, tão úteis ao Estado no fascismo e na democracia, mostram sua serventia. O totalitarismo eleitoral conseguiu alcançar ramos da vida cotidiana que pareciam estar à salvo.

Os capitalistas no Brasil e no exterior temem um novo 2013: medidas econômicas draconianas já estão programadas (carestia, desemprego, ataque às aposentadorias), para que se aceite contratos cada vez mais leoninos e condições ainda piores de sobrevivência. E com as lutas atuais em andamento (escolas ocupadas em Goiás e no Rio, fábricas sendo ocupadas em São Paulo, manifestações rurais/indígenas), o capitalismo faz a dupla exigência de rapidez na imposição das medidas e de um governo forte que possa impô-las. Para esse fim servem tanto a permanência de um governo compartilhado Dilma/Lula ou a chegada da direita mais cleptocrática ao poder através de expedientes golpistas. As duas facções medem forças entre si para ver quem tem mais força e agrega mais consenso (maior poder de mistificação) contra os trabalhadores.

Frente a isso, é necessário à classe trabalhadora autonomia contra a falsa polarização social, sustentando e unindo suas lutas em andamento, organizando-se de forma independente contra grupos anticorrupção e antifascistas, recusando em conjunto a adesão tanto à direita quanto à frente unida que o PT está ditando contra o fascismo. A dupla chantagem do medo do “caos econômico” versus medo do golpe fascista deve ser enfrentada com decisão e radicalidade.

Dentro de pouco tempo o Estado brasileiro estará decidindo, votando e aprovando o fim do governo Dilma. A classe trabalhadora deve boicotar os protestos de ambas as partes e intensificar as lutas sociais contra ambas. O PT se prepara para voltar à “oposição”, onde depois de um governo golpista e de violentas medidas de miséria, poderá voltar ao poder em condições ainda melhores que as atuais em 2018. Sim, a direita já está fazendo a campanha para Lula agora e nesse sentido é sua colaboradora. A direita comemora por antecipação o fim do período do PT no governo e com isso, poderá ter melhores condições para exercer sua própria corrupção e sangrar a população trabalhadora. O preço da “anticorrupção” e do “antifascismo” está sendo pago: é a miséria de quem viver e a perseguição, a morte de quem discordar. Entre variedades de escravidão não há escolha, é preciso lutar.

A VERDADEIRA ESCOLHA NÃO É ENTRE PT E ANTI-PT É ENTRE REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO !!!
CONTRA GOVERNO E OPOSIÇÃO: INTENSIFICAR A LUTA SOCIAL!!!

16 de abril de 2016

Iniciativa Revolução Universal [emails para contato: revolucaouniversal@riseup.net  revolucaouniversal@protonmail.com  revolucao_universal@riseup.net ou revuniv@protonmail.com]



Outro texto analisando a situação atual:


quinta-feira, 19 de maio de 2016

Escolas ocupadas: difusão das lutas ou propriedade privada?


Enquanto não se expande além dos limites pré-estabelecidos (escolas, empresas, países, bairros, família etc), enquanto não dissolve esses limites, se a autogestão "tiver sucesso", ela apenas implica  o aumento do "trabalho não pago", gerando ainda mais mais-valia para o capital. Por exemplo, se a autogestão das escolas for estabelecida, formando autogestionariamente a mercadoria força de trabalho com um imenso trabalho voluntário "autônomo", isso seria o sonho dos governos e dos capitalistas, pois com isso eles não mais precisam  pagar esses "custos", ao mesmo tempo em que essa "experiência autônoma" força todos os demais proletários do resto do sistema educacional a trabalhar ainda mais "voluntariamente", de graça, para os empresários estatais e particulares, para não serem demitidos frente a essa nova intensificação da competição. 

Um movimento realmente autônomo só pode vencer se se expande rapidamente de modo universal, mundial. Caso contrário, é forçado a trocar com o resto da sociedade que ainda se mantém como propriedade privada (empresas, países, bairros, famílias etc), e, para trocar, é forçado a trabalhar para a propriedade privada, gerando mais-valia e reproduzindo o capital numa escala ainda maior.

A medida que  a luta autônoma nas escolas não se generaliza para fora delas, ou seja, enquanto não consegue impulsionar uma transformação que se espalha rapidamente, transformação em que, por exemplo, os trabalhadores suspendem a produção para a empresa, abolindo o emprego e tornando a produção livre por quem quiser e para quem quiser satisfazer suas necessidades, paixões, desejos etc, em que os papeis de "trabalhador" e "estudante" são abolidos por uma livre associação de indivíduos que se afirmam como classe autônoma sem fronteiras contra a classe dominante por toda parte,  enquanto isso não ocorre, a luta  dos estudantes é condenada ao fracasso, condenada materialmente a se relacionar com o resto da sociedade que não se transformou, e daí a reproduzir a mesma dominação de todo o resto da sociedade. 

humanaesfera, maio de 2016

domingo, 1 de maio de 2016

Anarquia e Comunismo (1880) – Carlo Cafiero


Traduzimos Anarquia e Comunismo, outro grande clássico comunista libertário, escrito por Carlo Cafiero, autor também de um famoso compêndio de O Capital - Crítica da Economia Política, de Marx. Abaixo, alguns trechos da tradução:



"O comunismo é a tomada de posse, em nome de toda humanidade, de toda riqueza existente no mundo. O comunismo será o gozo de toda riqueza existente por todos os homens e segundo o princípio: de cada um segundo suas faculdades, para cada um segundo suas necessidades, quer dizer: de cada um e para cada um de acordo com sua vontade.
[...] nós queremos que toda a riqueza existente seja tomada diretamente pelo próprio povo, que ela seja mantida por suas mãos possantes, e que ele próprio decida a melhor maneira de gozá-la, seja pela produção, seja pelo consumo.
Mas nos perguntam: o comunismo é praticável? Teremos produtos suficientes para possibilitar à cada um o direito de usá-los à vontade, sem exigir dos indivíduos mais trabalho do que eles gostariam de fazer?
E respondemos: sim. Certamente será possível aplicar esse princípio: de cada um e à cada um conforme sua vontade, porque, na sociedade futura, a produção será tão abundante que não haverá qualquer necessidade de limitar o consumo, nem de exigir dos homens mais trabalho do que eles podem ou querem fazer."
"[...] é preciso ter em conta a imensa economia que será feita dos três elementos do trabalho: a força de trabalho, os instrumentos e as matérias primas, que são terrivelmente desperdiçados hoje, porque são empregados na produção de coisas absolutamente inúteis, sem falar das que são nocivas à humanidade."
"A concorrência, a luta, é um dos princípios fundamentais da produção capitalista, que tem por lema: mors tua vita mea, tua morte é minha vida. A ruína de um faz a fortuna de outro. E essa luta encarniçada se dá de país contra país, de região contra região, de indivíduo contra indivíduo, entre trabalhadores assim como entre capitalistas. É uma guerra mortal, um combate sob todas as formas: corpo à corpo, bandos, esquadrões, regimentos, exércitos. Um operário encontra trabalho onde outro o perde; uma ou várias indústrias prosperam enquanto outras perecem.
Pois bem, imagine quando, na sociedade futura, esse princípio individualista da produção capitalista, cada um por si e contra todos e todos contra cada um, for substituído pelo verdadeiro princípio da sociabilidade humana: cada um por todos e todos por cada um. Que imensa mudança obteríamos nos resultados da produção! Imagine o aumento da produção quando cada homem, ao invés de ter que lutar contra todos os outros, for apoiado por eles, que serão tratados não como inimigos, mas como cooperadores. Se o trabalho coletivo de dez homens alcança resultados absolutamente impossíveis para um homem isolado, quão grandes serão os resultados obtidos pela imensa cooperação de todos os homens que, hoje, trabalham hostilmente uns contra os outros? [...]"
"E é graças a essa abundância que o trabalho perderá o caráter servil para ter somente o atrativo de uma necessidade moral e física, tal como a de estudar, de viver com a natureza."
"Desse modo, nós podemos afirmar que o comunismo não só é possível, mas necessário. Não só podemos ser comunistas, mas é preciso que sejamos sob pena de perder o objetivo da revolução.
Com efeito, depois de pôr em comum os instrumentos de trabalho e as matérias primas, caso conservemos a apropriação individual dos produtos do trabalho, seríamos forçados a conservar a moeda e, portanto, uma acumulação maior ou menor de riqueza segundo um maior ou menor mérito - ou melhor, habilidade - dos indivíduos. A igualdade assim desapareceria, pois aqueles que conseguirem adquirir mais riquezas seriam por isso mesmo elevados acima do nível dos outros. [...].
Mas a atribuição individual dos produtos restabeleceria não só a desigualdade entre os homens, ela restabeleceria ainda a desigualdade entre os diferentes tipos de trabalho. Veríamos reaparecer imediatamente o trabalho “limpo” e o trabalho “sujo”, o trabalho “superior” e o trabalho “inferior”: o primeiro seria feito pelos mais ricos, e o segundo seria destinado aos mais pobres. Então, não seria mais a vocação e o gosto pessoal que determinariam alguém a se dedicar a um tipo de atividade ao invés de outro: seria o interesse, a esperança de ter vantagens em tal profissão. Assim, renasceriam a indolência e a diligência, o mérito e o demérito, o bem e o mal, o vício e a virtude e, por consequência, de um lado a recompensa e de outro a punição - a lei, o juiz, a polícia e a prisão.
Há socialistas que persistem em defender a ideia de atribuição individual dos produtos do trabalho alegando valorizar o sentimento de justiça.
Que estranha ilusão! Com o trabalho coletivo, que nos coloca a necessidade de produzir em massa e aplicar máquinas em grande escala, e com o sempre crescente fato de o trabalho moderno se basear no trabalho acumulado das gerações passadas, como poderíamos distinguir qual a parte do produto que cabe à uma pessoa da parte que cabe à outra pessoa? É absolutamente impossível, e nossos adversários reconhecem isso tão bem que eles terminam dizendo: “Tudo bem, nós tomaremos como base para a repartição as horas de trabalho”; mas, ao mesmo tempo, eles próprios admitem que isso seria injusto, porque três horas de trabalho de Pedro podem valer cinco horas de trabalho de Paulo."
"Não se pode ser anarquista sem ser comunista. De fato, a mínima ideia de limitação já contém em si os germes do autoritarismo. Ela não pode se manifestar sem engendrar imediatamente a lei, o juiz, a polícia."

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