segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Ideologia do status quo

condições de existência coisificadas
A ideologia predominante em nossa sociedade, o "senso comum" (a ideologia do status quo), considera como naturais e neutras as condições de existência, as supõe como uma coisa, um dado coisificado, cujo pensamento ou entendimento é inútil porque as condições são supostas fora da intervenção humana, como algo imutável e incondicionado. Assim, o fato de sermos forçados a vender como uma mercadoria as nossas capacidades de nos manifestamos no mundo, o fato de termos que vender nossa própria potência vital, isto é, o fato de nos vendermos no mercado de trabalho, de sermos forçados a nos exprimir materialmente apenas se formos um objeto sob o ditame do capital, é considerado um fato natural, dado e imutável.

liberdade zumbi e vida morta
A única liberdade concebível pela ideologia do status quo é, por isso, a liberdade que vacila entre dados predeterminados, já que essa é a única liberdade que sempre encontra suas condições como algo dado e imutável. Assim, a máxima liberdade concebível no status quo é a liberdade de livre escolha ou livre arbítrio: a escolha entre dados pré-existentes, escolha entre mercadorias (objetos predefinidos pelo capital), escolha entre o "bem" e o "mal" (conceitos predefinidos por supostas autoridades sobrenaturais ou divinas), escolha entre candidatos numa eleição (pré-escolhidos pela "política")...

A liberdade no senso comum é, desse modo, uma estranha liberdade passiva, consequência do fato de que, em nossa dimensão ativa, a dimensão em que nos manifestamos materialmente no mundo, em que produzimos nossas condições de existência, não somos livres, mas sim uma mercadoria, a força de trabalho, um objeto de consumo do capital.

o rebanho da justa medida
Além disso, há uma dimensão pseudo-prática na ideologia do status quo. Trata-se da ideologia da média, que afirma que o justo meio entre supostos extremos é sempre o ideal: "o melhor é nem ser muito gastador nem muito avarento", "o melhor é nem ser muito religioso e nem muito pecador", "o melhor é nem ser muito extremista e nem muito frouxo" e assim por diante. O vazio flagrante desses "conselhos práticos" repousa no fato de que eles não propõem nenhuma prática, nenhuma transformação, mas apenas um posicionamento passivo num quadro predeterminado de opostos, que na realidade são sempre dois lados da mesma moeda. E, pior ainda, como a "justa medida" é totalmente indeterminada e vazia em termos práticos, o único critério para decidir o que é médio é seguir a média, a mediocridade, o rebanho, a massa amorfa e obediente, em suma, é "fazer o que todo mundo faz".


praxis comunista
Contra a prática zumbi e liberdade escrava do status quo, defendemos a liberdade que abrange suas próprias condições, a liberdade prática e material, isto é, a libertação de nossas condições de existência (os meios de produção e a natureza) das garras do capital, abolindo a propriedade privada para estabelecer uma livre associação de indivíduos que se unem ou desunem conformem seus desejos e necessidades produzidas ao produzirem livremente suas condições de existência.

Humana Esfera, 11/2011

e também:
e

Nenhum comentário:

Postar um comentário

.