Tradução para o português por Humanisfera a partir do inglês (fonte: Draft of an Article on Friedrich List’s book: Das Nationale System der Politischen Oekonomie).
“[...] o trabalhador é o escravo do capital, ele é uma “mercadoria”, um valor de troca cujo nível mais alto ou mais baixo, cuja alta ou baixa, depende da concorrência, da oferta e da procura; [...] sua atividade não é uma livre manifestação de sua vida humana, mas é, sim, uma mascatear de suas forças, uma alienação (venda) para o capital de suas habilidades unilateralmente desenvolvidas, em suma, ela é “trabalho”. Esquece-se disso. O “trabalho” é a base viva da propriedade privada, é a propriedade privada enquanto fonte criativa de si mesma. A propriedade privada não passa de trabalho objetivado. Se desejamos dar um golpe mortal na propriedade privada, é preciso atacá-la não apenas enquanto um estado de coisas material, mas também como atividade, como trabalho. É um dos maiores equívocos falar em trabalho livre, humano, social, trabalho sem propriedade privada. O “trabalho” por sua própria natureza é atividade não livre, desumana, não social, determinada pela propriedade privada e criadora da propriedade privada. Por isso, a abolição da propriedade privada se tornará uma realidade somente quando ela for concebida como abolição do “trabalho” (uma abolição que, é claro, só se tornou possível como resultado do próprio trabalho, ou seja, tornou-se possível como resultado da atividade material da sociedade e que em nenhum caso deve ser concebida como a substituição de uma categoria por outra). Uma “organização do trabalho”, portanto, é uma contradição nos termos. A melhor organização que ao trabalho pode ser dada é a atual organização, a livre concorrência, a dissolução de toda a sua prévia organização aparentemente “social”.”
“O burguês diz: é claro, a teoria dos valores de troca não deve ser questionada dentro do país, a maioria, na nação, deve permanecer um mero “valor de troca”, uma “mercadoria” que deve encontrar seu próprio comprador, e que não é vendida, mas que vende a si mesma. Em relação a vocês proletários, e até mesmo em nossas relações mútuas, consideremos a nós mesmos como valores de troca, aqui a lei da venda universal é válida. Mas em relação a outras nações, devemos interromper a operação dessa lei. Como uma nação, não podemos nos vender a outras nações. [...]”
“A indústria pode ser considerada como uma grande oficina em que o homem primeiro toma posse de suas próprias forças e das forças da natureza, se objetiva e cria para si mesmo as condições para uma existência humana. Quando a indústria é considerada desta forma, abstraímos as circunstâncias em que ela opera hoje, e nas quais existe como indústria; nosso ponto de vista não está no interior da época industrial, mas sobre ela; a indústria é considerada não pelo que ela é para o homem de hoje, mas pelo que hoje o homem é para a história humana, o que ele é historicamente; não é a sua existência atual (não a indústria como tal) que é reconhecida, mas sim a potência que a indústria tem sem saber ou querer e que a destrói e cria a base para uma existência humana.[...]”
Eles [os saint-simonianos] chegaram [...] a atacar o valor de troca, a propriedade privada, a organização da sociedade atual. Eles propuseram a associação no lugar da competição. Mas eles foram punidos por seu erro original. Não somente a confusão acima mencionada os levou à ilusão ainda maior de ver no burguês sujo um sacerdote, mas também fez com que eles, após as primeiras lutas externas, voltassem a cair na velha ilusão (confusão) - mas agora hipocritamente, porque precisamente no curso da luta a contradição das duas forças que haviam confundido tornou-se manifesta. Sua glorificação da indústria (das forças produtivas da indústria) tornou-se glorificação da burguesia, e Monsieur Michel Chevalier, Monsieur Duveyrier, Monsieur Dunoyer ridicularizaram a si mesmos e à burguesia, aos olhos de toda a Europa - após o que os ovos podres que história lançou na cara deles transformaram-se pela magia da burguesia em ovos de ouro, uma vez que o primeiro dos nomeados acima reteve as velhas frases, mas preenchidas com o conteúdo do regime burguês atual, o segundo é ele próprio engajado no mascateio em uma escala de atacado e preside a venda de jornais franceses, enquanto o terceiro se tornou o apologista mais raivoso do atual estado de coisas e supera em desumanidade (em falta de vergonha) todos os economistas ingleses e franceses do passado.”
Sobre a troca (texto completo) (1858) - Joseph Déjacque
Anarquia e Comunismo (texto completo) (1880) – Carlo Cafiero