É claro que o conceito burguês de "serviços" é notoriamente impreciso, incluindo tudo, desde os chamados "serviços financeiros" até o trabalho de escritório e o pessoal de limpeza de hotéis , e até mesmo alguns empregos industriais terceirizados. Muitos marxistas tentaram assimilar a categoria de serviços ao de trabalho improdutivo, mas se refletirmos sobre a caracterização acima, fica claro que ela está mais próxima do conceito de "subsunção formal" de Marx. Marx havia criticado Smith por ele ter um entendimento metafísico do trabalho produtivo e improdutivo – aquele produzindo bens e este não – e ele o substituiu por uma distinção técnica entre o trabalho realizado como parte de um processo de valorização do capital e trabalho realizado fora desse processo para o consumidor imediato. Em “Os Resultados do Processo de Produção Imediato”, Marx argumenta que, teoricamente, todo o trabalho improdutivo pode se tornar produtivo, pois isso apenas significa que ele foi formalmente subsumido ao processo capitalista de valorização. No entanto, as atividades formalmente subsumidas são produtivas apenas de mais-valia absoluta. Para ser produtiva de mais-valia relativa é necessário transformar o processo material de produção para que seja passível de rápidos aumentos de produtividade (cooperação, manufatura, grande indústria e maquinário) - ou seja, passível de subsunção real. Quando economistas burgueses como Rowthorn falam de "serviços tecnologicamente estagnados", eles sem perceber se remetem ao conceito de Marx de um processo de trabalho que foi apenas formalmente subsumido, mas não realmente subsumido.
Assim, quando a economia cresce, a produção real de "serviços" tende a crescer, mas apenas pela adição de mais empregados ou intensificando o trabalho dos trabalhadores existentes, isto é, por meio de produção de mais-valia absoluta, em vez de mais-valia relativa. Na maioria desses setores os salários formam a quase totalidade dos custos, de modo que os salários têm de ser mantidos baixos para que os serviços permaneçam bancáveis e lucrativos, especialmente quando as próprias pessoas que lhes pagam são pobres: assim é o McDonald´s e o Wal-Mart nos EUA – e também o grande proletariado informal na Índia e China."
A logística e a fábrica sem muros (Brian Ashton, 2006)
A escassez artificial em um mundo de superprodução: uma saída impossível (Sander, 2010)
Teste de realidade: estamos vivendo em um mundo imaterial? (Steve Wrigh, 2005)
A rede de lutas na Itália (Romano Alquati, anos 1970)
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