sábado, 21 de abril de 2018
A escravidão dos "aplicativos" prevista em 1988
O capítulo Os estilhaços do capital do livro Contratempo - Ensaios sobre Algumas Metamorfoses do Capital, de Eric Alliez, Michel Feher, Didier Gille, Isabelle Stengers com um pósfácio de Félix Guattari, publicado em 1988, descreve as enormes transformações que a sociedade capitalista estava passando nas décadas de 1960-1980. Nele, antes da internet, dos telefones celulares e muito antes da miséria dos "aplicativos" (UBER, Airbnb, 99taxi, Fiverr, Taskrabbit, Mechnical Turk...), encontramos o seguinte trecho:
"A descentralização produtiva da indústria engloba a sua transnacionalização e também a efusão da jornada de trabalho e a difusão do seu lugar, ou seja, a difusão da fábrica pela cidade. Depois da era das manufaturas, ainda dominadas pelo ofício, e depois da era da grande indústria com suas fábricas-fortalezas que se destacam do tecido urbano e se cercam de cidades-dormitórios onde abrigam seus operários, talvez estejamos assistindo, conforme a expressão de Jean-Paul Gaudemar, a uma terceira idade da fábrica. Esta, pelo contrário, corresponde a "um gigantesco processo de fabrilização social onde ocorrerá a fusão da dupla experiência da fábrica e da cidade". Concretamente, essa difusão assume muitas caras: multiplicação das filiais e das oficinas de subcontratação, renascimento do putting out system e do trabalho a domicílio que apagam qualquer distinção entre o lugar de trabalho e o lar dos assalariados. Essa invasão do espaço-tempo doméstico pode assumir tanto o aspecto sofisticado da telemática, quando um terminal instalado em sua casa curto-circuita o ato de assujeitamento do trabalhador e permite que a empresa o alcance a qualquer momento, quanto o aspecto mais miserável dos pequenos trabalhos a domicílio, realizados além da jornada de trabalho "normal". (Esses dois tipos de difusão da fábrica remetem, respectivamente, ao segmento primário-interno e ao segmento secundário-externo da população assalariada.) De um modo geral, a disseminação do espaço produtivo corresponde ao desenvolvimento de uma economia subterrânea ou paralela, povoada por microempresas futuristas ou arcaicas e votadas a fazer o tempo supostamente "livre" render."
O capítulo inteiro pode ser lido neste link: Os estilhaços do capital - Eric Alliez e Michel Feher
"A descentralização produtiva da indústria engloba a sua transnacionalização e também a efusão da jornada de trabalho e a difusão do seu lugar, ou seja, a difusão da fábrica pela cidade. Depois da era das manufaturas, ainda dominadas pelo ofício, e depois da era da grande indústria com suas fábricas-fortalezas que se destacam do tecido urbano e se cercam de cidades-dormitórios onde abrigam seus operários, talvez estejamos assistindo, conforme a expressão de Jean-Paul Gaudemar, a uma terceira idade da fábrica. Esta, pelo contrário, corresponde a "um gigantesco processo de fabrilização social onde ocorrerá a fusão da dupla experiência da fábrica e da cidade". Concretamente, essa difusão assume muitas caras: multiplicação das filiais e das oficinas de subcontratação, renascimento do putting out system e do trabalho a domicílio que apagam qualquer distinção entre o lugar de trabalho e o lar dos assalariados. Essa invasão do espaço-tempo doméstico pode assumir tanto o aspecto sofisticado da telemática, quando um terminal instalado em sua casa curto-circuita o ato de assujeitamento do trabalhador e permite que a empresa o alcance a qualquer momento, quanto o aspecto mais miserável dos pequenos trabalhos a domicílio, realizados além da jornada de trabalho "normal". (Esses dois tipos de difusão da fábrica remetem, respectivamente, ao segmento primário-interno e ao segmento secundário-externo da população assalariada.) De um modo geral, a disseminação do espaço produtivo corresponde ao desenvolvimento de uma economia subterrânea ou paralela, povoada por microempresas futuristas ou arcaicas e votadas a fazer o tempo supostamente "livre" render."
O capítulo inteiro pode ser lido neste link: Os estilhaços do capital - Eric Alliez e Michel Feher
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