Uma rede produtiva anticapitalista paralela terá que trocar (matérias primas, por exemplo) com a outra rede, a capitalista, e concorrer com ela. Para não falir, ela terá que impor internamente métodos de coação ao trabalho equivalentes aos da rede capitalista, pois só com essa equivalência (valor de troca) a troca é possível. Por outro lado, se não quiser trocar com a rede capitalista, se isolando, terá que coagir os participantes a se conter, se reprimir e se sujeitar à um regramento paranóico (como um novo "feudalismo" nacionalista, ou um novo "despotismo asiático") que certamente reestabelecerá uma sociedade de classes.
Daí que não apoiamos nenhuma tentativa de economia paralela anticapitalista, porque são fadadas a serem variedades de exploração capitalista, quando não uma reedição descarada do despotismo arcaico.
Em contraste, defendemos outra perpectiva: que o comunismo surja subterraneamente do seio do capitalismo, rompendo a casca capitalista em escala mundial. E isso só será possível graças à ação rápida e internacional do proletariado autônomo. O proletariado (aqueles que não têm mercadorias para vender, restando-lhes apenas vender si mesmos como coisas para sobreviver) luta, quando se constitui como classe, não por se conter e se reprimir (diferente, por exemplo, da sua redução à "classe média", ou seja, pseudo-proprietários vendedores de força de trabalho unidos pelo capital e pelo Estado - inerentemente suicida, anticonsumista, miserabilista, nacionalista, reacionária, meritocrática e punitivista) mas luta, por definição, pela expansão das capacidades humanas de pensar, desejar e agir, o que implica o comunismo: uma livre associação que ultrapassa e suprime o Estado, o trabalho, as nações, o capital e as classes.
Basicamente, favorecemos um acúmulo de forças no cotidiano subterrâneo que é interconectado mundialmente através da rede produtiva capitalista. Os proletários mapeiam como a produção onde já estão é interconectada com as outras (como aqui e aqui) e, pela comunicação (pela internet, por exemplo), surge um conhecimento mais amplo dos nexos materiais do trabalho a que estão submetidos. Isso permite a superação da greve por uma tática de continuar a produção, mas como produção livre (gratuita) para e pela população, suprimindo a divisão emprego/desemprego nesse momento (abolição da empresa). Começando primeiro numa cidade, a difusão dessa experiência será tão apaixonante (incontível), que rapidamente, em um ou dois dias, se difundirá pelas principais metrópoles do mundo. O mapeamento da interconexão dos fluxos e estoques da produção mundial, cada vez mais completo, vai permitindo à população descobrir quais produções não servem para ela, desativando-as, e modificando outras. Os governos e as forças repressivas não tiveram tempo para estudar e coordenar um ataque e nem há mais condições para isso, pois a produção que sustenta essa condições está nas mãos da população. Os soldados, fraternizando, dão as armas para a população e se juntam a ela. Os que resistem tem suas condições de existências cortadas até que se rendam. Em menos de uma semana, o mundo inteiro estará sob o modo de produção associado, o comunismo. Senão, quanto mais a difusão global se retarda, chegando a apenas uma parte do mundo, a medida que os estoques vão acabando, mais insustentável (materialmente falando e em termos de repressão) se torna o modo de produção comunista. Pois mais se é privado dos materiais que a outra parte do mundo ainda não transformado possui como propriedade propriedade privada (estatal ou particular), forçado-a a trocar (comprar/vender) com ela para repor os estoques. Ou seja, é forçada, para comprar dela, a trabalhar para ela - e a reproduzir internamente o mesmo modo de produção capitalista, havendo o risco de o comunismo se tornar mera cobertura ideológica de uma nova variedade de exploração capitalista.
Resumindo: contra o espetáculo trabalhoso e vão do ativismo, da militância, do vanguardismo e do voluntarismo (sem falar do espetáculo da concorrência entre as facções esquerda/direita do Estado), esse acontecimento é uma ocasião raríssima, uma confluência de fatores difíceis de serem reunidos, e para qual só é possível contribuir permanecendo "preguiçoso", "sem esperança", "epicureamente oculto", acumulando forças no subterrâneo contra o trabalho a que somos submetidos. E nada garante que vai dar certo... e nem que vá acontecer.
humanaesfera, setembro de 2014
P.s.: abaixo os argumentos principais da discussão que se seguiu (para ver a discussão completa, veja os comentários):
"BOB KLAUSEN Deixa eu colocar uma objeção possível, que precisamos desenvolver coletivamente. Será um destino fatal, uma espécie de teleologia imanente à toda forma embrionária contra-capitalista, não poder concorrer contra o mercado e ter de perseguir a sua autoexploração inexorável? Na minha opinião, essa visão pode estar datada historicamente. Primeiro porque os níveis de tecnologia atuais são suficientes para reduzir o tempo de trabalho no setor primário e secundário --- ainda mais se as impressoras 3D se difundirem como o Ulisses Marioto disse --- e continuar a pensar em termos de economia de tempo e dinheiro perde o sentido. Nesse caso, a mediação do valor (do tempo socialmente necessário imposto pelo mercado) deixa de ser um fetiche que se deve adorar e se dobrar, e começa ser possível, pela primeira vez na história talvez, pensar mediações antivalor: baseadas na cooperação livre, na redução do tempo, na redução da produção e do consumo ao suficiente e ao digno, socialmente fundando o novo modo de vida numa ética e numa política anticapitalista e antiestatal - desvinculada do mercado e da concorrência. Imagino um país como o Brasil desvinculado do mercado mundial: não seríamos pior do que Cuba, de forma alguma, com o atual nível de forças produtivas alcançado. E se mais nações se desvinculassem do capitalismo global, coisa que só acredito num momento de colapso global do capitalismo, é claro que teríamos mais chance de não sofrer uma invasão imperialista. O que sustentaria o modo de vida e daria legitimidade a esse modo de vida não é a produtividade ou noções abstratas como PIB, mas a noção de emancipação, libertação do trabalho alienado e da coerção estatal, com consumo suficiente para todos. Embora a luta de classes estaria claramente instalada, a partir disso, dentro desse território "pós-nacional". Ou seja, a utopia não é se livrar da concorrência, mas se livrar da luta de classes. Esta vai nos perseguir até o fim dos tempos pré-históricos.
HUMANAESFERA Será que eu estaria exagerando se eu dissesse que isso que propões é "socialismo num só país"? Ou até mesmo "nacional-socialismo"? Pois vejamos: quanto às tecnologias atuais (microeletrônica em especial), elas só são possíveis pela reunião de materiais trazidos de vários continentes, assim como quase tudo mais. Mesmo que um país automatize completamente a sua produção. O que aliás, acarretaria que o que ele produz não tem valor de troca (exceto se essa tecnologia automatizadora for seu monopólio), porque seus produtos não terão trabalho cristalizado. Consequentemente, os materiais dos outros continentes necessários à sua tecnologia não poderão ser adquiridos. A saída será o mesmo de sempre: lançar outros produtos cuja produção interna absorva o máximo de trabalho (logo,precisará de um proletariado interno), isto é, o máximo valor de troca, para lhe permitir a troca mais vantajosa no mercado mundial, ou senão monopolizar vergonhosamente os seus produtos (por exemplo, minérios ou tecnologia), permitindo-o trocar no mercado mundial as custas do trabalho dos proletários dos outros países. E se, mundialmente, houver um "colapso da modernização", isso apenas abrirá novos campos para outro ciclo de valorização, pois tudo se tornará tão mais difícil e violento que necessariamente tornar-se-ão trabalho aspectos da vida da população que antes eram acessíveis livremente. Por outro lado, se houver um isolamento absoluto do país com relação ao mundo, isso acarretará um retrocesso tão evidente nas condições de vida e (devido à falta de elementos para manter a tecnologia) um aumento da jornada e intensidade do trabalho que a população terá total razão em se opor."
- Condições de existência universalmente interconectadas
- Greve e produção livre
- Contra a metafísica da escassez, copiosidade prática
Colo abaixo um debate ocorrido em outro lugar:
ResponderExcluir"HOUDINI INDIVIDUO sempre uma rede paralela precisa trocar com o capitalismo?
HOUDINI INDIVIDUO e estou pensando sobre esta frase "Por outro lado, se não quiser trocar com a rede capitalista, se isolando, terá que coagir os participantes a se conter, se reprimir e se sujeitar à um regramento paranóico (como um novo "feudalismo" nacionalista, ou um novo "despotismo asiático") que certamente reestabelecerá uma sociedade de classes"
HOUDINI INDIVIDUO E sobre esta parte: E isso só será possível graças à ação rápida e internacional do proletariado autônomo. O proletariado luta, enquanto classe, não por se conter e se reprimir (diferente, por exemplo, da "classe média" - anticonsumista, miserabilista, micronacionalista, reacionária e punitivista) mas luta, por definição, pela expansão das capacidades humanas de pensar, desejar e agir, o que implica o comunismo: uma livre associação que ultrapassa e suprime o Estado, o trabalho, as nações, o capital e as classes. PERGUNTO:ME DÊ EXEMPLOS
HUMANAESFERA O exemplo clássico é a própria história do capitalismo. É graças às lutas do proletariado que o capitalismo, para contê-las, vem se reformando desde o século XIX, para parecer social, humano, e legitimar sua perpetuação. Graças a essas lutas, os capitalistas hoje tem medo de dizer que a razão de ser do capital é o valor se valorizando. Eles querem nos fazer crer que sua razão de ser é "gerar empregos", "agradar os clientes", fazer "caridade"... Logo, a luta do proletariado não é contida nas "formas" (valor, trabalho, capital, Estado...), mas faz pressão sobre elas, seja fazendo a forma se esticar (reformas), seja fazendo-a se romper...
HOUDINI INDIVIDUO Me parece que consigo enxergar até as reformas, mas romper eu não sei... Claro, prezo por toda luta que desembocou em uma progressiva melhora social, mas o capitalismo taí ainda existindo e não consigo ver um esquema crítico ainda satisfatório que o substitua
HOUDINI INDIVIDUO não vejo perspectiva de rompimento no esquema de luta dentro do sistema, apenas estes avanços de reforma até onde não sei o que vai ocorrer
HUMANAESFERA Na verdade pode ser bom que tudo pareça estar dentro do sistema. O efeito surpresa é um trunfo indispensável a toda transformação social, historicamente falando. E se a "normalidade" se perpetua não é porque uma revolução social em escala mundial faça parte dessa "normalidade", evidentemente, É uma ocasião raríssima, uma confluência de fatores difíceis de serem reunidos. E nada garante que vá dar certo... Só sei que não quero me autochicotear sob autogestão para trabalhar feito um doido "autonomamente". É mais saudável que haja um chefe chicoteando, pois possibilita o "corpo mole", dar uma de "joão sem braço", "cagar e andar" para a empresa...
HOUDINI INDIVIDUO Certo, entendi parte dessa critica quando vc se refere essas palavras no ultimo paragrafo. Mas, no entanto, acho que vc esta descartando pensar outras experiencias por fora
HOUDINI INDIVIDUO Vc coloca a questão de, a via porfora do sistema, seria nada mais que o mais do mesmo de dentro do sistema, com todo seu esquema de trabalho pelo trabalho assim tbm nessa via
HOUDINI INDIVIDUO Mas sabendo que isso é uma realidade nessas pseudo rupturas, não é por aí q seria possivel pensar outra coisa?
HOUDINI INDIVIDUO Eu penso da seguinte forma... Não haverá empreedimentos produtivos destituido de uma lógica de valor se não houver pessoas que queiram pensar e empreender tal esquema de produção, mesmo que seja começando de algo mais simples e fácil visualizar. Por isso, eu sou meio cauteloso em sair rechaçando esses grupos que experimentam outras formas de socialização produtiva."
continuação:
ResponderExcluir"HUMANAESFERA Se essas experiências se difundirem súbita e simultaneamente na totalidade do até agora capitalismo, de modo a garantir que todas sejam experiências livres e mutuamente abertas, há uma boa chance de evitarmos cair no neo-despotismo precapitalista ou num novo modo capitalista de coação ao trabalho. É essa condição, a simultaneidade mundial e a instantaneidade da transformação, que me faz pensar que a iniciativa terá de partir necessariamente "do seio" do capital, ou melhor, "de baixo" do capital mundial, e nunca "do lado", e esse "de baixo" nada mais é do que o proletariado mundial.
HOUDINI INDIVIDUO eu saquei seu ponto de vista, mas acho criticável... Não sinto que uma grande quantidade de pessoas consiga estar disposta a gerenciar adequadamente esquemas produtivos com vista uma plena satisfação da potencialidade, esse o problema que estou colocando - expus outras vezes aqui, mas apaguei na página
HOUDINI INDIVIDUO por isso eu sou meio cético com isso de revolução global, simplismente não há exerperiencias pra uma empreitada de produção plena( para alem do capitalismo)
HOUDINI INDIVIDUO eu já penso que a potencialidade do proletáriado está em seu caráter de ser o sujeito que se adentra no capitalismo, mas não só se mantem por baixo, como QUER SUBIR, não para repetir o esquema desigual, mas aquela coisa que vc já tinha falado: expansão das capacidades humanas de pensar, desejar e agir
HOUDINI INDIVIDUO mas claro que algo em redes eu não descarto e tudo podendo vincular com uma demanda de lutas dentro do capitalismo. O que eu sinto falta é de desenvolver um esquema produtivo porfora do capitalismo, mas que não fique preso aos esquemas do valor. Eu sempre imagino que a tecnologia hora outra vai poder auxiliar nesse quesito. Eu penso muito no Ivan Illich, em algo como tecnologias autonnomas
HOUDINI INDIVIDUO na boa, vc escreveu este texto aí, tentou criar uma certa imagem de sobriedade, mas na verdade vc me parece inseguro e no fundo soa confuso cara. Alias, estou de saco cheio de teóricos fazendo pose e não discutir as coisas de cara limpa
HUMANAESFERA Quer coisa mais "cara limpa" e "segura" do que o conselho que te dei de: fazer corpo-mole, fingir que obedece, peidar para a empresa, não combater o trabalho pedindo que todos trabalhemos infinitamente mais em economias paralelas com a ilusão de que isso teria alguma chance de superar a lógica do valor? Esses conselhos na verdade são a velha atitude proletária básica (é claro, o proletário que se entrega para ser chefe reprime radicalmente a si mesmo e trai a sua classe, ele é "classe média"). É partindo dessa atitude que é possível alguma transformação social.
HOUDINI INDIVIDUO A sua estratégia é então tão somente se conformar com o trabalho existente, tentar sabotar este cotidianamente e participar de algum movimentos de melhores condições, salários, etc?
HOUDINI INDIVIDUO eu passei seu texto pra outras pessoas e outros movimentos, igualmente estão sinalizando como confuso - só pra constar.
HOUDINI INDIVIDUO vc repudia toda forma de trabalho, mesmo que esse possa ser significativo, produza algo integralmente ( em direção para além do valor) e seja conforme a aspiração do sujeito que se subordina nele?"
continuação:
ResponderExcluir"HUMANAESFERA Não se trata de se conformar. A questão é transformar o mundo a partir da vida cotidiana real, e não do espetáculo. Na consciência espetacular, as pessoas , se quisessem, poderiam "viver de vento" ou "trabalhar feliz". Na vida cotidiana, somos forçados pela privação de propriedade a vender nossa força de trabalho para sobreviver. Esse é o fundamento concreto do capital, do valor se valorizando. A "estratégia" que defendo é parar de desperdiçar energia no espetáculo das lutas imaginárias e, ao invés acumularmos forças nesse cotidiano subterrâneo - que é interconectado mundialmente através da rede produtiva capitalista - até que, através dessa mesma rede capitalista, súbita e inesperadamente, façamos surgir uma nova sociedade que suprime as bases da empresa e da nação, da propriedade privada e do Estado, da economia "autônoma" e da polícia, que garante essa "autonomia", do emprego e do desemprego...
HOUDINI INDIVIDUO "façamos surgir uma nova sociedade que suprime as bases da empresa e da nação, da propriedade privada e do Estado, da economia "autônoma" e da polícia que garante essa "autonomia", do emprego e do desemprego..."
HOUDINI INDIVIDUO na boa, tu soa totalmente abstrato, parece delírio. rsrs
HOUDINI INDIVIDUO cara, como gerencia uma unidade produtiva não voltada para o valor?
HOUDINI INDIVIDUO precisa tentar experimentar algo concreto, algo que se aproxime, não ficar nesse mundo imaginário...
HUMANAESFERA Então vá lá e experimente você mesmo. Eu estou fora. Quanto à produção não voltada ao valor, é a coisa mais simples e descomplicada desde que não existam mais empresas nem nações (se estas existem, só resta à imaginação complexificar até pifar o cérebro nessa "gestão"). É tão simples que, não fosse nossos tempos de espetáculo, não haveria necessidade sequer de chamar a atenção sobre isso. É ultrabásico: há duas categorias, produção escassa e produção livre... há um post anterior detalhando isso, chamado "Propriedade privada, escassez e democracia".
HOUDINI INDIVIDUO não estou qrendo ir a qualquer custo a uma pratica cega e com tons autoritarios, mas no meu ver, essa coisa de ir engendrando uma espécie de poder que toma todo o sistema é tão similar a merda estatizante daqueles socialismo de caserna...
HOUDINI INDIVIDUO tão obscurantista
HOUDINI INDIVIDUO por outro lado, entendo a omissão de participar de propostas alternativas criticas ao sistema, nesse ponto eu fecho contigo, acho q isso é de cada um e dentro mesmo do proprio sistema há estas formas alternativas de resistencia... mas nem a pau a coisa é assim, o sistema decai de uma contemplação das lutas reformistas dentro
HUMANAESFERA Acho que, desta vez, deixei o senhor um pouco nervoso... relaxa.
HOUDINI INDIVIDUO que nada...rsrs eu so tranquilo. eu so acho q as pessoas não aproveitam essa coisa chamada internet pra desembuchar mais suas ideias."
continuação:
ResponderExcluir"HUMANAESFERA Com relação ao que falei sobre rede de lutas, acumulo de forças dentro e contra a rede produtiva capitalista, etc., o texto abaixo é clássico, A Rede de Lutas na Itália de Romano Alquati
HOUDINI INDIVIDUO muito chato esse texto que tu passou... Minha visão de ação engloba uma diversidade de ações e que necessita da aproximação as formas produtivas, de como produzir. Assim, estar dentro do sistema ou se envolver no próprio consumo do sistema, é uma forma de contato com a produção, mas tbm tentar produzir de uma outra maneira é tbm esboçar uma forma de apropriação da produção, principalmente em uma experiencia fora do padrão vigente do valor. Para isso, seria essencial a apropriação ou criação de uma alta tecnologia autonoma. O ideal seria esses grupos autonomos anarquicos, ao inves de se focarem só em um circuito de produção alternativo simples fora do sistema, assimilasse o complexo, a tecnologia. porque sabemos que a precariedade é amante do capitalismo e portanto, toda forma de produção que seja sofisticada e dependa menos de braços humanos, mais ela foge da necessidade do trabalho humano sendo valorizado.
HUMANAESFERA É uma ideia. Todo o problema surge da relação dessa produção alternativa com a propriedade privada. Se a experiência ocorre FORA do contexto de uma revolução mundial que suprime a propriedade privada e as fronteiras nacionais, a experiência de produção alternativa está fadada a ser necessariamente apenas uma outra variedade de propriedade privada, um micronacionalismo, um exclusivismo elitista, como as "reservas indígenas". Mesmo que se produza sem valor de troca dentro delas. Eu concordo contigo apenas no contexto de uma revolução mundial simultânea, em que se inventa e se experimenta livremente zilhões de formas de produção simultaneamente e interconectadamente, sem coerções, sem nacionalismos, sem exclusivismos, sem propriedade privada dos meios de vida."
continuação:
ResponderExcluir"BOB KLAUSEN Deixa eu colocar uma objeção possível, que precisamos desenvolver coletivamente. Será um destino fatal, uma espécie de teleologia imanente à toda forma embrionária contra-capitalista, não poder concorrer contra o mercado e ter de perseguir a sua autoexploração inexorável? Na minha opinião, essa visão pode estar datada historicamente. Primeiro porque os níveis de tecnologia atuais são suficientes para reduzir o tempo de trabalho no setor primário e secundário --- ainda mais se as impressoras 3D se difundirem como o Ulisses Marioto disse --- e continuar a pensar em termos de economia de tempo e dinheiro perde o sentido. Nesse caso, a mediação do valor (do tempo socialmente necessário imposto pelo mercado) deixa de ser um fetiche que se deve adorar e se dobrar, e começa ser possível, pela primeira vez na história talvez, pensar mediações antivalor: baseadas na cooperação livre, na redução do tempo, na redução da produção e do consumo ao suficiente e ao digno, socialmente fundando o novo modo de vida numa ética e numa política anticapitalista e antiestatal - desvinculada do mercado e da concorrência. Imagino um país como o Brasil desvinculado do mercado mundial: não seríamos pior do que Cuba, de forma alguma, com o atual nível de forças produtivas alcançado. E se mais nações se desvinculassem do capitalismo global, coisa que só acredito num momento de colapso global do capitalismo, é claro que teríamos mais chance de não sofrer uma invasão imperialista. O que sustentaria o modo de vida e daria legitimidade a esse modo de vida não é a produtividade ou noções abstratas como PIB, mas a noção de emancipação, libertação do trabalho alienado e da coerção estatal, com consumo suficiente para todos. Embora a luta de classes estaria claramente instalada, a partir disso, dentro desse território "pós-nacional". Ou seja, a utopia não é se livrar da concorrência, mas se livrar da luta de classes. Esta vai nos perseguir até o fim dos tempos pré-históricos.
HUMANAESFERA Será que eu estaria exagerando se eu dissesse que isso que propões é "socialismo num só país"? Ou até mesmo "nacional-socialismo"? Pois vejamos: quanto às tecnologias atuais (microeletrônica em especial), elas só são possíveis pela reunião de materiais trazidos de vários continentes, assim como quase tudo mais. Mesmo que um país automatize completamente a sua produção. O que aliás, acarretaria que o que ele produz não tem valor de troca (exceto se essa tecnologia automatizadora for seu monopólio), porque seus produtos não terão trabalho cristalizado. Consequentemente, os materiais dos outros continentes necessários à sua tecnologia não poderão ser adquiridos. A saída será o mesmo de sempre: lançar outros produtos cuja produção interna absorva o máximo de trabalho (logo,precisará de um proletariado interno), isto é, o máximo valor de troca, para lhe permitir a troca mais vantajosa no mercado mundial, ou senão monopolizar vergonhosamente os seus produtos (por exemplo, minérios ou tecnologia), permitindo-o trocar no mercado mundial as custas do trabalho dos proletários dos outros países. E se, mundialmente, houver um "colapso da modernização", isso apenas abrirá novos campos para outro ciclo de valorização, pois tudo se tornará tão mais difícil e violento que necessariamente tornar-se-ão trabalho aspectos da vida da população que antes eram acessíveis livremente. Por outro lado, se houver um isolamento absoluto do país com relação ao mundo, isso acarretará um retrocesso tão evidente nas condições de vida e (devido à falta de elementos para manter a tecnologia) um aumento da jornada e intensidade do trabalho que a população terá total razão em se opor.
BOB KLAUSEN Não é socialismo, para começar. Seria comunismo e superação do mercado e do estado como metas. O que principia em algum lugar e tempo, desiguais, não sincrónicos. Pensar num sincronismo da ação proletária mundial para mim é ficção."
Continuação:
ResponderExcluir"HOUDINI INDIVIDUO É como o David Harvey me dá entender... Devemos aproveitar os potenciais que o capitalismo dá, pra desenvolver algo realmente valioso e que saia fora do circulo vicioso do capital. As tecnologias estão se desenvolvendo apesar de tudo, há um esboço de uma democratização dos meios de produção e por isso as piratarias catando ( lembrando o camelo que levou o tiro lá)... Nós estamos aproveitando o valor de uso desta internet pra discutir esse assunto agora. Eu sinto que há um potencial de desvio do que já é produzido. Criticar o valor seria fortalecer a força da produção do valor de uso.
BOB KLAUSEN Segundo ponto. O comunismo de um só país? Eu falei em colapso das formas burguesas, incluindo a nação, por isso um comunismo pós nacional, reunindo formas de vida e populações variadas. Nacional socialismo? De onde vc tirou isso no meu texto? O centro do argumento, porém, é outro: só vai ficar preso à concorrência e à lógica das trocas mundiais regiões que ficarem atreladas ao padrão tecnológico e econômico de outras áreas supostamente mais produtivas ou com monopólio de algum produto supostamente imprescindível... O argumento é que nesse nível atual das forças produtivas não teríamos mais essa necessidade e dependência em muitas regiões, que poderiam realmente a se autonomizar do caos sistêmico e tocar a vida adiante. E, mais, infelizmente, abandonei uma visão unitarista e humanista do marxismo: que cada região siga o seu próprio destino, de acordo com as lutas que forem efetivas. Não recusando obviamente solidariedade com os explorados de todo o mundo, mas, sem essa compaixão falsa, impossível de ser atendida na prática. Parece-me utópico querermos transformar o mundo e "impor" o comunismo a regiões que simplesmente não aceitam nem mesmo os valores da revolução francesa, imagine a quebra de hierarquias seculares e espírito religioso. Nesse ponto, não mantenho ilusões românticas quanto a uma superação mundial absoluta do capital, a não ser a longuíssimos prazos. Posso estar enganado, claro.
HUMANAESFERA Eu posso estar exagerando, mas sinceramente tenho medo quando a esquerda enverada por esse caminho particularista, e que soa perigosamente idêntico à "teoria do etnopluralismo" de Aleksandr Dugin. Aliás, o senhor está enganado quanto ao romantismo. Este sempre se opôs à universalidade, opondo-lhe o pseudo-concreto da particularidade incondicional "indizível"."
Continuação:
ResponderExcluir"BOB KLAUSEN A universalidade do comunismo é inegociável. Mas há formas de vida realmente que não querem nem ouvir falar em democracia ou igualdade, quanto mais em Revolução ou modo de vida comunista. Não estou cristalizando etnias na pre história, mas não quero também fingir que superar a universalidade abstrata E violenta do valor será fácil. E universalidade, queira ou não, sempre pressupôs rupturas. De poder, propriedade, domínios etc. Quem quer isso hoje? Não quero forçar banhos de sangue a lá URSS. Nem nas zonas mais avançadas de praxis e consciência de classe conseguimos essa unidade toda. O tempo da praxis não é o do conceito. Isso é o núcleo duro de hegel, que compartilho.
HUMANAESFERA Sr Klausen, a idéia de regiões do mundo onde haveria formas de vida particulares que seriam inerentemente conformadas a uma existência miserável é, desde que o capital se universalizou, apenas cobertura ideológica, inventada para o andamento ótimo da exploração. Essas supostas "formas de vida" na realidade são recriações modernas e artificiais de mitos e narrativas religiosas que (assim como a nossa "igualdade" e "democracia") encobrem e são sustentadas simplesmente por uma praxis que não passa nunca da venda, compra e consumo da mercadoria força de trabalho, como em todo mundo. Até mesmo a "pré-capitalista" Al Qaeda sempre existiu assim na prática, como também o tal ISIS. Aliás, para mim, praxis é produção e reprodução das condições de existência materiais e sua transformação - o cotidiano, em contraste com a esfera espetacular, que é a da ideologia. Daí que praxis é necessariamente uma perspectiva de classe e internacionalista (já que, materialmente, essa classe, o proletariado, é mundial), portanto não se confunde com o espetáculo ideológico da concorrência entre as facções esquerda vs direita do capital/Estado e nem com a ideologia das formas de vida particularistas ou nacionais, nos quais, ao contrário, você localiza a praxis "não-fictícia". Como se vê, nossos pontos de vista são, se não diametralmente opostos, radicalmente divergentes, exceto talvez na questão ultra-abstrata da crítica do valor."
CONTINUAÇÃO:
ResponderExcluir"HOLDINI INDIVÍDUO VC DIZ Se a experiência ocorre FORA do contexto de uma revolução mundial que suprime a propriedade privada e as fronteiras nacionais, a experiência de produção alternativa está fadada a ser necessariamente apenas uma outra variedade de propriedade privada, um micronacionalismo, um exclusivismo elitista, como as "reservas indígenas". EU DIGO ora, mas não seria necessariamente algo tão fechado e nem algo tão aberto. É uma questão de pensar o valor de uso para além do consumo de produto, como extensão produtiva, como métodos de produção que não dependa da valorização do trabalho, por isso eu estou falando de apropriação da alta tecnologia para um esquema autonomo anarquico. Seria uma espécie de propriedade privada? sim... só que a propriedade privada no geral produz valores de troca e faz com que o trabalho seja valorizada em sua construção, aqui já não, o trabalho é prerrogativa a ser estirpado e ser almejado a produção satisfatoria como um todo, na qualidade produtiva e em evitar uma produçaõ de alto dispendio de trabalho. Eu estou tentando imaginar uma espécie de oasis neste deserto do capitalismo. Elitista? sim... um espaço para respirar, para que possa acoplar pessoas em algum ócio pra enxergar um pouco a loucura lá fora e ter mais tempo pra pensar, pra criar..."
BOB KLAUSEN Eu concordo que, em termos puramente práticos e objetivos, todas as sociedades hoje se unificam em torno do mercado e do capital, portanto, do trabalho alienado. E que há uma esfera ideológica que turva a consciência e faz viver a vida como representação no espetáculo autonomizado da mercadoria, do poder e da mídia, o oposto à práxis sangrenta cotidiana. Isso posto, fica claro que essa visão é muito carente do entendimento do marxismo tradicional. Nessa práxis encontram-se mediações subjetivas, que fazem parte das estruturas objetivas, mediações que passam por fenômenos culturais, religiosos, políticos e até de estruturas do desejo, que não se reduzem simplesmente à estrutura da economia capitalista e da exploração. Por isso, a meu ver é tão difícil uma unificação do proletariado mundial. O fato é que as próprias classes trabalhadoras, pelo fato da fragmentação social radical, não se veem hoje como classe trabalhadora ou proletária, e demandam amiúde apenas saídas individuais pelo mercado, pelo esforço "meritocrático" da educação e do trabalho. Dizer que isso é mera ideologia é muito pouco. É um verdadeiro modo de vida cotidiano (Lefebvre) que se cristalizou junto com o mercado e o Estado, além de toda esfera ideológica clássica. O proletariado nunca se constituiu em classe para si, subjetivamente, no mundo - não por causa da falsa consciência ideológica de nossa real unidade, mas por dificuldades intrínsecas de constituição da unidade. No fundo, no fundo, estamos profundamente fragmentados. A reificação e o espetáculo não são algo que vêm de fora para dentro da consciência e da práxis, mas constituem a nossa própria forma de vida prática. São condições reais e não apenas ideológicas superpostas à boa "práxis". O proletariado explorado é uma realidade prática, mas também, como classe unificada, o resultado de um esforço de reconhecimento recíproco e constituição global como classe em luta. Isso inclui críticas às mediações do valor e das não-totalmente-internas-ao-valor (religião, machismo patriarcal, desejos reacionários etc.). Nunca fiz um discurso particularista, do tipo deleuziano ou foucauldiano dos grupos e grupelhos de luta. A superação do capital tem de ser universal e luta pelo universal. Mas não vai ser fácil, e terá partes do mundo que irão regredir para aquém da própria universalidade do capital (o que já se vê no Isis ou no Al Qaeda, ou nos grupos de pilhagem da África)."
Continuação:
ResponderExcluir“BOB KLAUSEN O ponto que pus em discussão no seu texto, porém, é outro: não é preciso mais esperar a unidade internacional ou transnacional sincrônica do proletariado para agir e bloquear-se para o mercado e a concorrência na construção de modos de vida alternativos, como formas de vida "paralelas" ao capital. Isso não significaria conviver paralelamente de modo pacífico, mas construir algo paralelo enquanto não há chance de derrubar a propriedade privada e o mercado em larga escala. Muito menos se trata de imaginar que essa forma alternativa (cooperativas etc.) terão sempre de dobrar-se à concorrência global. Se imaginarmos que isso só seria plenamente possível no momento de um colapso sistêmico, que segundo a teoria crítica indica pode estar próximo, fica claro que a ideia de manter o mercado mundial e a concorrência em pé, como um ídolo superpoderoso, não teria talvez mais cabimento, pois o mercado não anda por si próprio, ele é fruto da práxis. Assim, por exemplo: no Oeste da Rússia atual, parece que houve formação de grupos comunistas de conselhos. Eles poderiam ou não proliferar sem se conectar ao mercado e à concorrência global já nessa etapa? Com o nível de tecnologia atual que possuem não poderiam já ter uma vida digna? Imaginar que não, me parece implausível. O que eles não conseguem, ao contrário, é sustentar-se em luta contra o sistema e daí sofrem a invasão do Estado neonazista ucraniano e da Otan. Poderíamos trabalhar outro exemplo ainda: o dos neozapatistas no México.
HUMANAESFERA O nível da tecnologia atual é produtível e reprodutível sem materias que só podem ser encontrados em outros continentes? Tem certeza? Acho ingenuidade extrema acreditar nisso. Qualquer isolamento só pode ocorrer regredindo a condições arcaicas e, certamente, despóticas. Pra mim, esses exemplos que vc citou são meramente "simbólicos", ideológicos ou propagandísticos, ou seja, em termos de praxis estão absolutamente na mesma - eles não estão isolados de modo nenhum.
HUMANAESFERA Realmente estou convencido de que o isolamento não é uma saída. Em contraste, mais factível me parece o velho modelo comunista libertário: basicamente, os proletários mapeiam como a produção onde estão é interconectada às outras, e pela comunicação mútua (pela internet, por exemplo), surge um conhecimento mais amplo das condições materiais do trabalho a que estão submetidos. Isso permite a superação da greve por uma tática de continuar a produção, mas dessa vez como produção livre (gratuita) para e pela população, suprimindo a divisão emprego/desemprego naquele momento. Começando primeiro numa cidade, a difusão dessa experiência será tão apaixonante (incontível), que rapidamente, em um ou dois dias, se difundirá pelas principais metrópoles do mundo. O conhecimento compartilhado da interconexão da rede produtiva, cada vez mais mais completo, já permite à população descobrir quais produções não servem para ela, desativando-as. Os governos e as forças repressivas não tiveram tempo para estudar e coordenar um ataque e nem há mais condições para isso, pois a produção que sustenta essa condições está nas mãos da população. Os soldados, fraternizando, dão as armas para a população e se juntam a ela. Os que resistem tem suas condições de existências cortadas até que se rendam. Em menos de uma semana, o mundo inteiro estará sob o modo de produção associado, o comunismo. Se não, quanto mais a difusão global se retarda, com os estoques acabando, mais insustentável (materialmente falando e em termos de repressão) é o modo de produção comunista e mais se é forçado, pela necessidade de trocar para repor os estoques, a reproduzir o mesmo modo de produção capitalista, o comunismo podendo se tornar mera cobertura ideológica de uma exploração capitalista."
CONTINUAÇÃO:
ResponderExcluir"HOUDINI INDIVIDUO orra, legal, me jogaram de escanteio. rs Mas eu concordo com o que vcs estão falando de certa forma, mas o que me incomoda é a falta de um ponto de partida, de pensar em concretude e para isso é sempre melhor pensar passo a passo e por isso eu falei de tentar pensar em uma alta tecnologia autonoma, vcs mesmo me parecem incerto a respeito desse norteamento de nossa capacidade produtiva, ou seja, falta um desmebramento sobre como podemos produzir fora da amarra do valor, isso precisa ser pensando em uma prática, senão não da pra saber. É preciso pessoas de áreas com tino de empreender e com conhecimento técnico produtivo talvez, aqui até agora só vejo gente de humanas. rs
HOUDINI INDIVIDUO não acho que isso tome grandes proporções, mas eu tbm não estava falando de algo tão fechado, apenas indicando que tudo começa com algo pequeno e tenho certeza que se alastra como o sujeito ai do nome grego diz, mas... Eu intuo, que o esquema sem valor não sirva sempre a todo modo de produção, me parece que há algo no esquema produtiva que funciona melhor em uma base de valor trabalho - pode ser uma grande viagem minha. rs
BOB KLAUSEN Houdini, o esquema do valor-trabalho funciona na lógica da propriedade privada e do lucro, certo? Do ponto de vista social e ecológico isso só é vantajoso para os que lucram, possuem negócios ou possuem os privilégios da educação e do "mérito". Está longe de contemplar a maioria das pessoas. Do ponto de vista da racionalidade capitalista, este é o critério. Só que esse critério não é natural. Ele tem um limite objetivo, que leva o valor a seu próprio colapso. Na falta de mercados consumidores, de poder pagar dívidas onerosas etc. isso não pode ser mais levado adiante, até por que o meio ambiente e as pessoas não aguentam mais. Estamos próximos desse limite objetivo. Ele só não é percebido e compreendido subjetivamente. E isso impede a formação da classe insurgente ou revolucionária.
BOB KLAUSEN O computador que você usa só não surge de uma rede não capitalista porque as pessoas que trabalham isso não possuem a propriedade intelectual sobre o que fazem. É propriedade privada, apesar de ter sido o resultado de milhares de interações entre vários indivíduos. Mas há muita coisa hoje comunizada, inclusive saberes e ferramentas. O capital suga o trabalho vivo e dá aparência que só ele é produtivo, aliás, que ele produz as coisas e não o trabalho.
HOUDINI INDIVIDUO eu falei q poderia estar viajando no ultimo parágrafo. rs É porque eu não consigo visualizar o funcionamento como um todo de algo diferente do capitalismo, as vezes rola uma insegurança em algumas coisas na forma de produção, como a plasticidade de certos produtos, inovação e certa possível exigência de um trabalhador mais "militar" pra certas tarefas. E um certo uso social de esquema de compra que garanta liberdade de escolha de produtos, etc."
Eu gostaria de mais esclarecimentos sobre o significado de acumular forças no subterrâneo, embora vc tenha dito sobre esse lance de mapear a produção global para realizar a produção livre, também postou o texto das lutas na Itália que cita lutas subterrâneas, mas o texto da Itália não deixou claro. Talvez seria até interessante um texto nesse blog sobre isso.
ResponderExcluir