quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

É impossível emancipação sem luta de classes


O caos provocado pela polícia no Espírito Santo (conforme relatado neste link) apenas mostra que, na ausência do proletariado como classe autônoma, o "povo" só pode (re)afirmar a competição pela escassez, pela propriedade privada, cada átomo se aliando com as propriedades privadas com mais poder de fogo para defender-se e impor-se contra os demais átomos concorrentes - e quem tem mais poder de fogo são os grupos de extermínio, as gangues, as empresas de segurança,  facções, traficantes, milicianos, o exército, as máfias e a própria polícia. 


São  ingênuos os que pregam a mera prática negativa de suprimir o Estado e o poder, como se eles fossem a causa de si mesmos.  Imaginam e pregam uma práxis sem proletariado, sem perceber que, sem este, sem luta de classes, o resultado é necessariamente o fascismo, o identitarismo, a barbárie, o nacionalismo, o etnicismo, o bairrismo, o militarismo (e, por fim, é claro, a ditadura "legítima, democrática e republicana" do capital):  o massacre mútuo dos oprimidos em nome da união com "suas" classes dominantes contra outras. 

Pelo contrário, como classe, o proletariado não é uma identidade, mas a solidariedade prática entre os explorados que atravessa e dissolve as separações da sociedade capitalista,  por toda parte contra "sua própria" classe dominante, numa luta que atravessa e suprassume as fronteiras, as empresas, bairros, escola, família, etnia, cultura, gênero etc. É unicamente a partir disso, da autonomia do proletariado, como classe mundial, que o Estado, o poder, a propriedade privada e a barbárie podem ser de fato superados, pela auto-superação do proletariado numa sociedade sem classes, uma livre associação dos indivíduos em escala mundial (comunismo) na qual expressam suas  necessidades, capacidades, desejos, habilidades, paixões e conhecimentos como fins válidos por si sós, livres, nunca mais submetidos à servidão da arbitrariedade que é a fantasia da troca de equivalentes, seja ela mercantil ou hierárquica.

humanaesfera, fevereiro de 2016


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