Trechos de do texto O leninismo contra a revolução - Segunda parte: o leninismo como supressor da ruptura comunista - (Grupo Comunista Internacionalista):
"´A ciência da manobra política, tática e estratégica´ ou leninismo é [...] uma teoria, uma ideologia, um partido, que invariavelmente justifica a necessidade de desenvolver uma política contrária aos interesses proletários, em nome desses mesmos interesses no futuro. Só assim se pode argumentar que: o proletariado deve trabalhar o máximo possível ao invés de lutar contra o trabalho; que o que importa é desenvolver o capitalismo em vez de lutar contra ele; que é preciso realizar as tarefas da burguesia (tarefas democrático-burguesas) em vez de realizar as tarefas proletárias de abolição do trabalho assalariado e da sociedade mercantil; ir ao parlamento e fazer uma política eleitoreira em vez de sabotar o parlamento e as eleições; submeter-se à disciplina sindical ao invés de lutar contra os sindicatos, verdadeiros aparatos do Estado burguês; fazer frentes nacionais e populares com a burguesia, com seus partidos, Estados, em vez de enfrenta-los; defender a nação e a política estatal nacional ao invés de lutar contra Estados e fronteiras; enfim... fazer acordos e alianças com burgueses, milicos e generais de outros países que estão reprimindo companheiros, em vez de se solidarizar com estes e continuar a luta contra aqueles.
[...]
Em todos os casos, são sacrificados os interesses proletários, o interesse diretamente humano, em nome de interesses superiores, para que esse polo definido como superior tome precedência. Ocorre exatamente o mesmo na religião judaico-cristã, o sacrifício aqui em nome do além. Mais ainda, esse polo dominante justifica a si mesmo, é ele que define os critérios da verdade, é a própria expressão da ciência inquestionável, diante da qual é preciso se sacrificar.
[...]
O leninismo não é utilizado apenas por stalinistas, trotskistas, zinovievistas, gramscianos... que, é verdade, são cada vez menos importantes, mas também, de forma consciente ou inconsciente, é utilizado por nacionalistas, socialistas, libertários, liberais, populistas, direitistas, esquerdistas... Não é necessário ler Lenin para encontrar essa mesma dualidade característica, levada à sua expressão máxima, em nome não tanto do partido, mas do socialismo futuro, do progresso, da nação, da democracia, da igualdade... Tampouco é necessário ser membro de um partido para defender essa concepção; hoje ela brota como cogumelos, nas ONGs, sindicatos, nas estruturas de assistência social... que o Estado instaura nos bairros pobres como tática contra-insurrecional (nas favelas, nos banlieu, nos subúrbios, nas villas...), no pseudo-socialismo latino-americano, nos piqueteros argentinos ou dentro dos trabalhadores sem-terra do Brasil...
[...]
Assim, o “mal menor” é uma constante em toda a história da opressão e dominação de classe. A classe dominante sempre tenta utilizar e enquadrar seus próprios explorados e dominados contra outros setores dizendo que são piores que eles, trata-se sempre de mudar algo para que tudo fique como está. A socialdemocracia sempre utilizou esse expediente contra a autonomia proletária e a ação direta. Mas o mérito de aplicar esse expediente para aniquilar toda a força do proletariado insurrecto mundial dos anos de 1917 a 1919 e canalizá-la para o frentismo pertence ao leninismo no poder (1918-1923) e à consequente propaganda marxista leninista. A forma culminante desse aniquilamento da revolução foi precisamente essa transformação histórica até impor a frente única, depois a frente popular, a frente nacional, até a submissão à guerra interimperialista e seu massacre generalizado. Desde então, a ditadura do capital, a democracia, para sua dominação, sempre cria o espantalho do fascismo para se legitimar como antifascista e aniquilar toda expressão autônoma, baseando-se em uma frente (que, como toda frente popular, inclui o terrorismo de Estado). Podem variar as formas ou as denominações, mas todas as formas de dominação e aniquilação do proletariado autônomo utilizam as bases socialdemocratas e o aperfeiçoamento delas que o leninismo e suas diversas e numerosas variantes efetuaram."
O texto completo está em:
O leninismo contra a revolução - Segunda parte: o leninismo como supressor da ruptura comunista - GCI-ICG
[...]
Em todos os casos, são sacrificados os interesses proletários, o interesse diretamente humano, em nome de interesses superiores, para que esse polo definido como superior tome precedência. Ocorre exatamente o mesmo na religião judaico-cristã, o sacrifício aqui em nome do além. Mais ainda, esse polo dominante justifica a si mesmo, é ele que define os critérios da verdade, é a própria expressão da ciência inquestionável, diante da qual é preciso se sacrificar.
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O leninismo não é utilizado apenas por stalinistas, trotskistas, zinovievistas, gramscianos... que, é verdade, são cada vez menos importantes, mas também, de forma consciente ou inconsciente, é utilizado por nacionalistas, socialistas, libertários, liberais, populistas, direitistas, esquerdistas... Não é necessário ler Lenin para encontrar essa mesma dualidade característica, levada à sua expressão máxima, em nome não tanto do partido, mas do socialismo futuro, do progresso, da nação, da democracia, da igualdade... Tampouco é necessário ser membro de um partido para defender essa concepção; hoje ela brota como cogumelos, nas ONGs, sindicatos, nas estruturas de assistência social... que o Estado instaura nos bairros pobres como tática contra-insurrecional (nas favelas, nos banlieu, nos subúrbios, nas villas...), no pseudo-socialismo latino-americano, nos piqueteros argentinos ou dentro dos trabalhadores sem-terra do Brasil...
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Assim, o “mal menor” é uma constante em toda a história da opressão e dominação de classe. A classe dominante sempre tenta utilizar e enquadrar seus próprios explorados e dominados contra outros setores dizendo que são piores que eles, trata-se sempre de mudar algo para que tudo fique como está. A socialdemocracia sempre utilizou esse expediente contra a autonomia proletária e a ação direta. Mas o mérito de aplicar esse expediente para aniquilar toda a força do proletariado insurrecto mundial dos anos de 1917 a 1919 e canalizá-la para o frentismo pertence ao leninismo no poder (1918-1923) e à consequente propaganda marxista leninista. A forma culminante desse aniquilamento da revolução foi precisamente essa transformação histórica até impor a frente única, depois a frente popular, a frente nacional, até a submissão à guerra interimperialista e seu massacre generalizado. Desde então, a ditadura do capital, a democracia, para sua dominação, sempre cria o espantalho do fascismo para se legitimar como antifascista e aniquilar toda expressão autônoma, baseando-se em uma frente (que, como toda frente popular, inclui o terrorismo de Estado). Podem variar as formas ou as denominações, mas todas as formas de dominação e aniquilação do proletariado autônomo utilizam as bases socialdemocratas e o aperfeiçoamento delas que o leninismo e suas diversas e numerosas variantes efetuaram."
O texto completo está em:
O leninismo contra a revolução - Segunda parte: o leninismo como supressor da ruptura comunista - GCI-ICG
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